curso online Da Arte Moderna até agora, uma leitura por caminhos transversais com Agnaldo Farias

encontros 12
data das aulas 04, 11 e 25 de março + 01, 08, 15, 22 e 29 de abril + 06, 13, 20 e 27 de maio
dia da semana segundas-feiras
horário 19h às 20h30
valores R$ 1.900
R$ 800 estudante
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A essa altura ficou claro que não existe uma história da arte, mas várias. O território da arte consiste num quebra cabeça passível de ser montado de maneiras variadas. Por que haveríamos de continuar insistindo em abordagens lineares, respeitando rigorosamente a cronologia, se a produção artística, qualquer que seja ela, está atravessada de intertextos, ou seja de citações cruzadas? Por exemplo, é fato que a produção do espanhol Joan Miró, suas pinturas e esculturas, está muito mais próxima da pintura de Hieronymus Bosch do que do seu contemporâneo, o holandês Piet Mondrian. Embora apartados por décadas, o mesmo pode-se dizer da proximidade entre o norte-americano James Turrel e o francês Claude Monet, ou da relação entre certa pintura expressionista alemã e a arte corporal da paraense Berna Reale. Na música dá-se o mesmo: a produção de Philip Glass elabora os microtons de música hindu de Ravi Shankar, enquanto Claude Debussy serviu-se dos modos do extremo oriente (China, Bali, Java…). E o que dizer dos diálogos laterais: o balé de Pina Bausch dialogando com o teatro, a conversa do arquiteto John Hejduk com máscaras, a literatura de Jorge Luis Borges com a Cabala e com a arquitetura dos labirintos? Por fim, para encerrar essa rápida introdução, deve-se lembrar que o grande poema de Carlos Drummond A máquina do mundo rende tributo a linda alegoria elaborada por Camões no Canto X dos Lusíadas, composto 4 séculos antes.

Essa discussão ganha grande alento em vista de questões recentes: quando se fala de arte fala-se de arte de quem? Arte branca, de raiz européia? E a produção em nações africanas ou realizada por afro-descendentes, que incorporam elementos de outras tradições? E o que dizer da produção dos indígenas brasileiros? De outras nações indígenas? E o ramal até bem pouco chamado de popular, pior que isso, primitivo, não conta? Por que não? Claro que conta, pois possui manifestações de soberba qualidade.

O curso proposto organiza-se através de famílias, linhas, vertentes estéticas. Seu foco está nas artes plásticas e pretende abarcar o arco temporal que vai dos princípios da arte moderna até os nossos dias. Está claro que, por força das produções analisadas,  fará alusões a outras linguagens artísticas que não apenas as artes visuais, e a outros períodos históricos que não só os anos que correram de meados do século XIX até agora.

 

Agnaldo Farias

É professor da FAUUSP e já foi curador de uma série de museus e instituições de arte brasileiras. Foi curador de diferentes edições da Bienal de São Paulo, da 11a. Bienal de Cuenca (Equador) e do Pavilhão Brasileiro da 54a. edição da Bienal de Veneza (2011). Foi curador da Bienal de Coimbra de 2019.